Aposentados, heróis nacionais
Aposentado, no Brasil, perdeu o significado inerente à palavra, ou seja, “recolhido aos aposentos”, depois de o trabalhador de cumprir sua jornada ao longo da vida. Ele poderia deixar de trabalhar como forma de prover o próprio sustento e da família, passando, se quisesse e pudesse, a exercer o voluntariado em prol da comunidade. Esta seria a aposentadoria ideal, em oposição à realidade dura e cruel, vivida por grande parte que se aposenta doente, muitas vezes vítima de más condições do trabalho, e passa o restante da vida sob dependência de parentes, porque o mísero “benefício” (e ainda têm a petulância de chamar “benefício” aquilo pago com tanto sacrifício pelo trabalhador) não comporta todas suas necessidades, acrescidas de medicamentos. Poucos têm a sorte da aposentadoria com saúde, e menos ainda os que conseguem se manter no mercado de trabalho, escapando à depressão e ao alcoolismo, fim de muitos trabalhadores desamparados e frustrados. Os que conseguem se manter no mercado de trabalho ainda têm de pagar, a fundo perdido, pela manutenção desse direito, pois ele contribui para Previdência como os demais trabalhadores, sem ao menos o direito de ter sua aposentadoria reajustada. Ele paga duas vezes à Previdência: contribuição na folha de pagamento e redução no valor do “benefício”. Ao longo do tempo vejam o que a patifaria oficial (é o nome que dou à Previdência) já fez contra o aposentado e o trabalhador em vias de se aposentar. Lembro-me que ao completar trinta anos de contribuição, o trabalhador adquiria o direito ao “abono por permanência”, ou algo parecido, apelidado jocosamente “pé na cova”. Esse direito foi sumariamente cortado. Aposentado que continuava na ativa contribuía para a Previdência, mas suas contribuições eram convertidas em pecúlio, que o trabalhador/aposentado resgatava ao ter o vínculo empregatício rompido; isso também foi cortado. Criou-se o famigerado fator previdenciário, reduziu-se o teto da aposentadoria e o achatamento foi imposto às aposentadorias dos situados acima do piso salarial. O fim almejado para o aposentado é o piso comum a todos... se não lhe arranjarem um porão! E mais patifaria já aconteceu e, possivelmente, acontece, mas não chega ao conhecimento do grande público porque os atingidos não têm conhecimento e força para gritar. Há críticas contra a omissão da imprensa, mas todos sabem que à mídia só interessam assuntos que lhe dão retorno. Aposentado está longe disso! O que conta é o Big Brother, big droga, big bobice, o futebol e outras mediocridades que tomam o tempo na televisão. Afora tudo isso, a política, no Brasil, é dominada pelo conluio interpartidário (leia-se: entre as cúpulas), na maioria das vezes a serviço de interesses em que não entra o bem estar do povo, especialmente a parcela que deixou de produzir e de dar retorno em votos. Não existe seriedade em nada e o povo é enganado em tudo! O que chamam democracia não passa de farsa. A verdadeira democracia só existirá no dia em forem extintos todos os partidos e a Política (com “P” maiúsculo) for conduzida diretamente pela sociedade organizada; quando os eleitores puderem participar, desde a escolha do candidato, passando pela eleição e acompanhamento do mandato; quando o eleitorado tiver também o poder de cassar mandatos, que não correspondam no tocante à ética, honestidade e ao mínimo de atuação no cargo. Enquanto isso não acontecer (sei que é quase utopia), o povo continuará a ser enganado e a tal Previdência se manterá como patifaria oficial. Contudo, a luta é válida e os chamados “beneficiários” do INSS devem cobrar seus direitos pelos meios legais ao seu alcance. A perfeição só existe em Deus, mas, isso não nos exime do dever de buscá-la! E, aproveito para dizer que partidos políticos já fizeram mal demais à humanidade!
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