A pretensão deste artigo é convidar as pessoas, modo geral, sem distinção de raça e credo, a se comportarem com a vontade de experimentar e acreditar na aprendizagem que nós educadores somos capazes de transmitir, refletir, vivenciar, aproximando mais o professor, aluno, família, amigos uns dos outros, formando uma grande corrente que não pese, mas sim, que nos uma cada vez mais.
Acredito que a dificuldade humana, no mundo atual, volta-se, prioritariamente, ao comportamento das pessoas em relação às outras. Algumas agem como senhoras absolutas da vida e, assim, vão esmagando, subjugando outras. Umas tantas aceitam, passivamente, viver sob o mando absolutista, curvando-se à vontade de alguém que tem poder e que desconhece cooperação e competição. Afinal, competir não é diminuir o outro e sim mostrar-lhe diferenças na forma de lutar na vida. Assim, cooperação e competição estão nas bases filosóficas da educação cidadã.
Mas, afinal, o que vem a ser educação? A literatura aborda variados conceitos e dentre tantos se escolhe aquele de Edgar Morin: “educação não é somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda vida, onde ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros”. Com base nesse princípio é possível afirmar que fatores que garantem essa educação estão assentados em palavras como cooperação e autonomia. Assim é importante saber o que significam:
COOPERAÇÃO: trabalhar e ajudar para alcançar um objetivo comum.
AUTONOMIA: faculdade de governar por si só. Segundo Orlick (1989, p.105), a cooperação é "uma força unificadora, que agrupa uma variedade de indivíduos, com interesses separados, numa unidade coletiva" e, segundo Freire (1996), autonomia é a prática da liberdade.
Lendo estas definições objetivas (dicionário) e citações (autores), acredita-se que esse modelo de educação tem, em sua forma de autonomia, um comando da consciência capaz de criar redes de cooperação de uns com os outros.
Por isso, a Educação, segundo a UNESCO, avista quatro pilares facilitadores da vida em sociedade
a) Aprender a conhecer: significa combinar a cultura geral com as possibilidades do aumento dos saberes, num continuo exercício do aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida;
b) Aprender a fazer: a fim de poder agir, não somente sobre uma qualificação profissional, mais sim ampliando suas competências no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho;
c) Aprender a viver juntos: participando e cooperando na compreensão do outro e na percepção das interdependências, realizando projetos e preparando-se para gerir conflitos e zelando pelo respeito aos valores humanos, da compreensão mútua e da paz;
d) Aprender a ser: contribuir para o desenvolvimento mental, corporal e espiritual, a fim de atingir uma realização completa, com maior capacidade de autonomia.
Sendo assim, o saber, o saber fazer, o saber conviver juntos e o saber ser constituem quatro aspectos, intimamente ligados, de uma realidade de experiência vivida e assimilada por momentos de compreensão e criação pessoal. Para tal, a educação deve desenvolver e formar cidadãos com estas novas competências, que serão necessidades fundamentais para a convivência entre os outros, partindo da condição de estar cooperando para uma melhoria da qualidade de vida.
Analisando o tema de hoje, vê-se diferença entre cooperação e competição:
Cooperação (aprende-se)
A compartilhar, respeitar e integrar diferenças;
A conhecer nossos pontos fracos e fortes;
A ter coragem para assumir riscos;
Sentimentos e emoções com liberdade;
A participar com dedicação;
A ser solidário, criativo e cooperativo;
A ter vontade de estar junto.
Competição (inicia-se)
Com a discriminação e a violência;
Com o medo de arriscar e fracassar;
Em fazer por obrigação;
Pela repressão de sentimentos e emoções;
Pelo egoísmo, individualismo e competição excessiva.
Nota-se, então, que COOPERAÇÃO é um processo onde os objetivos são comuns e as ações são benéficas para todos. Enquanto a COMPETIÇÃO é um processo onde os objetivos são comuns, mutuamente exclusivos e as ações são benéficas somente para alguns. Neste sentido, Cooperação e Competição são processos distintos, porém, não muito distantes.
A principal diferença é que no primeiro todos cooperam e ganham, eliminando-se o medo do fracasso e aumentando-se a autoestima e a confiança em si mesmo. Ao passo que no segundo, a valorização e reforço são deixados ao acaso ou concedidos apenas ao vencedor, o que gera frustração, medo e insegurança.
Concluindo, diz-se que a educação moderna está em crise, porque não é humanizada, separa pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto.
Mas nem tudo está perdido, ainda há tempo para cada um refletir sobre a vida, o jeito de ser feliz. Então o caminho é a Cooperação e a Competição, no sentido de construir um amanhã melhor. Pois como diz Carl Young, “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta"!